As vezes me pergunto o que é real?

As vezes me pergunto o que é real? Tenho me debruçado na afirmação de Sartre que diz que

“a grande questão filosófica é que as coisas existem, ao invés de não existirem”.

As coisas existem, e na minha concepção religiosa elas foram criadas por Deus. É bem verdade que o homem e o mundo como conhecemos se distanciaram muito do seu ponto original e muito mais do seu Criador. Contudo creio que há uma reconciliação possível a todos, essa reconciliação se chama Cristo. Sim. O Cristo que resumiu as Escrituras ao dizer que devemos amar a Deus, ao próximo e a nós mesmos.

Embora, na minha opinião, essa seja a melhor síntese já feita na história, sabemos que ela é carregada de grande dificuldade. Amar a Deus é olhar para o espelho, perceber, aceitar e superar nossas imperfeições (Aquino). Nem preciso dizer que nisto existe uma carga de dificuldade muito grande, quem quer reconhecer seu lado feio? Poucos corajosos. Amar ao próximo é mais fácil, desde que o próximo seja uma pessoa com quem se tem grande afinidade e da qual você goste muito, do contrário ele nunca será o seu próximo, mas sim o último na sua fila de relacionamentos. Na palavra próximo existe um reconhecimento difícil de aceitar – que reside no fato de que o próximo carrega também uma centelha divina (Suassuna) independentemente de sua condição, situação ou status social – média social abominável.

E a mim mesmo, como é fácil me amar! Permitam-me a ironia, por vezes nem eu consigo conviver comigo mesmo.

O que dizer de Paulo que lutou e registrou o tão grande e absurdo fato, ensurdecedor, de que o que queria fazer isso ele não conseguia, mas o que não queria era por ele realizado com tanta naturalidade, maestria e me arrisco a dizer que prazer dolorido também. E nós? E eu? Quanta coisa!

É possível simplificar? Não sei, sei que é possível viver, observar e tentar ser relevante, num mundo que tem se tornado distante e irrelevante. O acolhimento necessário daqueles que se derramam em amor pode ser compartilhado. Deitar nas redes de Deus, abraçar a quem necessite e abraçar-me quando necessário. Levante, manco, coloque-se de pé, olhe para o céu, olhe para o lado, olhe para si.

Rodrigo
Outubro/2016